Pesquisa revela impacto neurológico da Chikungunya e sinaliza revisão nos cuidados médicos
Foto: ilustração Aedes Egypt

Descoberta científica aponta que o vírus da chikungunya pode atravessar barreiras do sistema nervoso, causando danos graves e potencialmente fatais.

Estudos realizados pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e colaboradores internacionais evidenciaram que o vírus da chikungunya pode disseminar-se pelo sangue, alcançar o sistema nervoso central e provocar lesões cerebrais. Publicado na revista Cell Host & Microbe, o estudo revela a capacidade do vírus de ultrapassar a barreira hematoencefálica, demandando atualizações nas práticas de tratamento e monitoramento da doença.

José Luiz Proença Módena, do Instituto de Biologia da Unicamp, enfatiza a importância de um acompanhamento contínuo dos pacientes, mesmo após a recuperação aparente, dada a possibilidade de manifestações tardias da doença. A pesquisa contou com a colaboração de especialistas de várias áreas e instituições, como a Universidade do Kentucky e o Imperial College London, além de órgãos locais como o Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará.

O estudo identificou o vírus em amostras do líquor cefalorraquidiano, demonstrando sua capacidade de invadir o sistema nervoso e provocar danos neurológicos que podem levar a sequelas graves ou à morte. Foram observados também outros impactos no corpo dos infectados, incluindo problemas circulatórios, vascular e imunológicos.

A pesquisa foi conduzida no Ceará, um dos estados mais afetados pelo vírus, onde notou-se uma alteração no padrão dos sintomas apresentados pelos pacientes, evoluindo para quadros graves com mais frequência do que o esperado.

Os resultados do estudo apontam para a necessidade de novos protocolos de atendimento, destacando a importância de uma vigilância mais atenta aos arbovírus em geral. A análise sugere que a gravidade dos casos está ligada a uma resposta imunológica exacerbada à infecção.

Diante dessa descoberta, há um apelo por uma revisão das diretrizes de acompanhamento médico, visando garantir a segurança dos pacientes e a eficácia do tratamento. O estudo também levanta questões sobre a extensão desse fenômeno em outras regiões do Brasil, uma vez que a chikungunya continua se disseminando pelo país.

O Ministério da Saúde alerta que a chikungunya é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti e ressalta a importância da prevenção e controle do vetor para evitar a proliferação da doença, que já registrou centenas de mortes e milhares de casos no Brasil desde sua introdução no continente americano.