Livian Malfará de Mesquita Dias, aos 18 anos, enfrentou uma decepção ao ser desqualificada para uma vaga em engenharia da computação na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), sob a justificativa de não atender ao critério de fenótipo pardo definido pela banca avaliadora. Filha de pai negro e tendo concluído o ensino médio em escola pública de Ibaté, São Paulo, Livian se candidatou pelo sistema de cotas, autodeclarando-se parda. Após submeter todos os documentos requeridos e viajar até Vitória para uma entrevista presencial, foi informada de que suas características não se enquadravam nas expectativas da comissão para a categorização de pessoa negra.
A UFES, consultada sobre o caso, preferiu não comentar especificidades enquanto o processo do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) estiver em curso. Conforme a universidade, a análise de candidaturas sob cotas raciais se baseia exclusivamente no fenótipo, desconsiderando ascendência, focando em aspectos como cor da pele, textura do cabelo e traços faciais.
Desapontada com a avaliação, que focou principalmente na cor de sua pele, Livian questiona os critérios adotados, destacando outras características fenotípicas que compartilha com seu pai negro. A jovem, mesmo tendo apresentado recurso aceito pela instituição, encontrou obstáculos logísticos e financeiros para comparecer a uma segunda entrevista, resultando na perda definitiva da oportunidade acadêmica.
Esta situação levanta questionamentos sobre os métodos de avaliação de cotas raciais e o impacto destes nos estudantes que buscam acesso à educação superior através de políticas afirmativas. A UFES reitera seu compromisso com o aperfeiçoamento contínuo dos processos de seleção, visando equidade e justiça social.